terça-feira, 27 de julho de 2010

100%

Fiquei com uma certa raiva do autor deste artigo pois era um assunto que eu estava prestes a escrever mas enrolei demais (rs). Levar uma vida '100%' como pregam certos setores da sociedade, em especial a mídia para alavancar seus anunciantes na entrada de novos nichos de mercado e público é um desperdício do tempo que nos resta de vida. Claro, tudo que é exagero é prejudicial inclusive levar ao extremo uma 'vida saudável'.

-------------------------------------------------------------

LUIZ FELIPE PONDÉ

100%

O clero fascista da saúde não para de botar para fora sua alma azeda; vida é desperdício, e ganancioso não gosta disso


Atenção, pecadores e viciados em sexo, comida, bebida, dinheiro e poder: vocês estão ultrapassados. Há uma nova ganância no ar: a mania de qualidade de vida e saúde total. Esta ganância é o que o jornal "Le Monde Diplomatique" já chamava de "la grande santé" ("a grande saúde") nos anos 90. A mania de ter a saúde como fim último da vida.
Acho isso antes de tudo brega, mas há consequências mais sérias que um simples juízo estético para esta nova forma de ganância. Consequências morais, políticas e jurídicas: o controle científico da vida.
Agora esses fanáticos estão a ponto de demonizar o açúcar, a gordura e o sódio. Querem fotos de gente morrendo de diabetes no saco de açúcar ou de ataque cardíaco nas churrascarias. O clero fascista da saúde não para de botar para fora sua alma azeda.
Mas, como assim, ganância? Sim, esta ganância significa o seguinte: quero tirar do meu corpo o máximo que ele pode me dar. Inevitavelmente fico com cara de monstro narcisista quando dedico minha vida à saúde total. Sempre sinto um certo ar de ridículo nesses pais que obrigam seus filhos a comer apenas rúcula com pepinos e cenoura desde a infância.
Suspeito que os "purinhos", no fundo, se deliciam quando veem fumantes morrerem de câncer ou carnívoros morrerem do coração. Sentem-se protegidos da morte porque vivem como "pombinhos da saúde". São medrosos. A vida é desperdício, e ganancioso não gosta disso.
No caso da morte, probabilidade é como gravidade: 100% de certeza. Logo, a luta contra a morte é uma batalha perdida, nunca uma vitória definitiva.
Se você não morrer de acidentes (carro, avião, atropelamentos, assaltos, homicídios) ou de epidemias (tipo pestes) ou por endemias (tipo doença de chagas), ou de doença metabólica (tipo diabetes) ou de doenças cardiovasculares (tipo AVC ou acidente cardiovascular e ataque cardíaco), você sempre morrerá de câncer.
Claro, ainda temos contra (ou a favor) a tal herança genética. Você passa a vida comendo rúcula e morre de AVC porque suas "veias" não valem nada. Que pena, passou uma vida comendo comida sem graça e morreu na praia. E vai gastar dinheiro com hospital do mesmo jeito, ou, talvez, mais ainda. Sorry.
Logo, caro vegetariano, escapando de doenças cardiovasculares porque você evitou (religiosamente) gorduras supostamente desnecessárias, você pode simplesmente morrer de câncer porque deu azar com o pai que teve ou porque, no fim, tudo vira câncer, não sabia?
Um dia, esses maníacos da saúde total desejarão processar os pais por terem deixado que eles comessem coxinhas e brigadeiros quando eram crianças ou porque simplesmente tinham maus genes em seus gametas.
Sinceramente, não estou convencido de que viver anos demais seja muito vantajoso. Sem "abusar" da comida, da bebida, do tabaco, do sexo, das horas mal dormidas, não vale a pena viver muitos anos.
A menos que eu queira ser uma "freira feia sem Deus", o que nada tem a ver com freiras de verdade, uso aqui apenas a imagem estereotipada que temos das freiras como seres chatos, opressores e feios , ou seja, uma pessoa limpinha, azeda e repressora.
Como diz meu filho médico de 27 anos, "nunca houve uma geração tão sem graça como esta, obcecada por viver muito". Eu, pessoalmente, comparo esta geração de pessoas obcecadas pela saúde àqueles personagens de propaganda de pasta de dentes: com dentes branquinhos, cabelos bem penteados e com cara de bolha (ou "coxinha", como se diz por aí).
Dei muita risada quando soube que alguns cientistas estavam relacionando câncer de boca à prática frequente de sexo oral. Será que sexo oral dá cárie também? Terá a vida sentido sem sexo oral? Fazer ou não fazer, eis a questão!
Essa ciência horrorosa da saúde total deverá logo descobrir que sexo oral faz mal, e aí, meu caro "pombinho da saúde", como você vai fazer para viver sendo perseguido pela saúde pública? Talvez, ao final, não seja muito problema para você, porque quem é muito limpinho não deve gostar mesmo dessa sujeira que é trocar fluidos e gostos por aí.

ponde.folha@uol.com.br
(Publicado na Folha de S.Paulo - 12/07/2010)

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Correio Braziliense

terça-feira, 20 de julho de 2010

Reflexo

Esta matéria do CQC mostra exatamente o retrato político 'Deste País' e também de boa parte da sociedade, que elege estas figuras abissais. Como disse o deputado na matéria - 'sua bunda' - não faça na urna eleitoral o que você faz no banheiro. Dá nisso!

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Adeus a uma figuraça

Morreu no último dia 12 o quadrinista Harvey Pekar, autor de American Splendor. Não o conhecia o suficiente até ver o excelente filme 'O Anti-Herói Americano' sobre a sua vida. Comprei o filme e me tornei um pequeno cultuador de suas histórias. Se você não viu esta perdendo uma pequena obra prima. No link abaixo tem o trailer.

Quadrinista Harvey Pekar morre aos 70 anos nos EUA

Deus existe?

Por Marcelo Coelho

Até mesmo uma opção resoluta pelo ateísmo pode envolver ambiguidades


QUANDO A pergunta é simples demais, o santo desconfia. A editora Planeta lançou recentemente um livro fascinante e curto (125 páginas), que, sob o título "Deus Existe?", transcreve um diálogo público entre um filósofo ateu, Paolo Flores d'Arcais, e ninguém menos do que o cardeal alemão Joseph Ratzinger.
O encontro se deu num teatro, em Roma, em fevereiro de 2000 -cinco anos antes, portanto, de Ratzinger tornar-se Bento 16.
Apesar do título do livro, a questão sobre a existência de Deus não se coloca de forma direta -e talvez seja melhor assim. O debate entre um ateu e um cardeal pode ser bem mais complexo do que sugere a pergunta. Uma formulação muito sumária, do tipo "Deus existe?", pode provocar respostas simples demais: "Sim", "não sei" ou "não".
Pessoalmente, desde criança marco a terceira alternativa. Mas até mesmo uma opção resoluta pelo ateísmo pode envolver ambiguidades. Posso dizer, por exemplo: "Não acredito que Deus exista". Ou: "Acredito que Deus não exista".
Posso, porém, observar apenas: "Quem diz que Deus existe não tem prova nenhuma do que está dizendo", e acrescentar: "Só acredito no que pode ser provado".
E, nesse momento, o bom Ratzinger já estará esfregando as mãos de contentamento apostólico. Pois é inegável que acredito em muitas coisas que não sei bem como poderiam ser provadas cientificamente. Acredito que exista uma coisa chamada beleza, por exemplo.
Se me pedirem para apontá-la, posso citar uma série de exemplos, uma série de manifestações da beleza no cotidiano; o crente pode apontar outras tantas manifestações de Deus, e ninguém provou nada com isso.
No seu diálogo com Paolo Flores d'Arcais, entretanto, Ratzinger dá um passo a mais. Certo, diz o cardeal, a existência de Deus não pode ser provada pelo "método positivo", isto é, científico. Mesmo sem ter provas, entretanto, a fé em Deus não é puramente irracional. Ao contrário, a razão está do lado dos católicos nesse caso.
Seu interlocutor resiste bravamente a esse golpe. Tolerante e ateu, Flores d'Arcais aceita que alguém simplesmente diga, como o velho teólogo Tertuliano, "acredito porque é absurdo". Ou que lembre Kierkegaard: "A fé começa justamente onde termina o pensamento".
Mas Ratzinger não quer limitar a crença em Deus aos porões sentimentais da alma. A tradição católica, diz ele, foi uma espécie de "pré-Iluminismo" contra as irracionalidades pagãs.
E a ideia de um Deus criador do céu e da Terra, prossegue, é indispensável para qualquer pessoa que preze a razão. Sem um logos, um verbo que está na origem de tudo, teríamos de admitir que o mundo, a natureza, o destino humano, não passa de fruto do acaso, não tem sentido nenhum, é puramente absurdo. Como então preservar qualquer "racionalidade" com esses pressupostos?
Num artigo incluído nessa edição, Ratzinger formula o problema com mais eloquência: "Pode a razão renunciar à prioridade do racional sobre o irracional, à existência original do logos sem abolir a si mesma?" Meu ateísmo -e meu racionalismo- respondem que sim. A medicina sabe perfeitamente que, com todos os seus avanços, não elimina o fato de que todos irão morrer. Reconhecer a "prioridade" da morte não faz com que a medicina esteja pronta a "abolir-se a si mesma"...
Flores d'Arcais não sai vitorioso, entretanto, do debate com Joseph Ratzinger. Quando se trata de defender princípios universais e inalienáveis, como os direitos humanos, nosso ateu de plantão cai na armadilha do relativismo: muitas sociedades admitiram o homicídio, a antropofagia...
Ratzinger insiste, com razão, que se muitas sociedades fizeram coisas detestáveis, isso não torna casuais, contingentes, os direitos humanos. D'Arcais também não gostaria que isso acontecesse, mas se confunde no debate.
O problema, a meu ver, teria de ser definido de outra forma. Se existem direitos universais, e se um termo como "dignidade humana" precisa ter sentido, a questão é saber como lhes dar fundamento. Mas esse fundamento, que deve ser a-histórico, absoluto, transcendente, não precisa fazer apelo ao "sobrenatural" -e negar o sobrenatural é algo que, pelo que li, não está nas cogitações de Ratzinger, com tudo o que concede às conquistas do Iluminismo.

coelhofsp@uol.com.br
(Publicado na Folha de S.Paulo - 13/01/2010)

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Samuca/Correio Braziliense

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Barraco em Sorocaba

Essa é para quem não viu (eu também não tinha visto nada parecido na web até agora). Uma advogada descobre traição do marido com sua ‘melhor amiga’ e filma a cena para colocá-la na internet. A pedido dos três filhos ela retirou o vídeo do ar, não antes que a gravação fosse copiada e espalhada na rede. Pronto: o estrago estava feito.

Muito se discute sobre a invasão de privacidade na web, principalmente em redes sociais e conteúdos, como o YouTube. Simples: falta “educação digital” dos usuários. A advogada foi inocente em pensar que um vídeo desse conteúdo não seria copiado, como os que clicam em link’s desconhecidos sem noção do perigo que representam. Só se expõem quem quer!

Quanto ao conteúdo do vídeo, falar o que? A ex-amiga e seu marido eram padrinhos de um dos filhos da advogada e íam a festa e viagens juntos. Biscate é pouco...

Assista até o final!

terça-feira, 13 de julho de 2010

Mais um shopping de produtos piratas é aberto na avenida Paulista

Reportagem da Bandeirantes na última segunda-feira mostrou mais um shopping de 'genéricos' aberto na Paulista. Denunciou o óbvio: é impossível abrir um estabelecimento irregular desse sem a conivência das autoridades. Ainda vem o promotor de justiça falar que isso não é determinante, pois o consumidor interessado nesses produtos também tem sua parcela de culpa. Claro, e sem a propina esse comércio se manteria? Os impostos aplicados nos produtos são poucos? A classe média e baixa ganha o suficiente para adquirir um produto original?

Enquanto o governo e as autoridades não cumprirem seus papéis os ‘genéricos’ só se multiplicarão. Daqui a pouco o templo da Daslu será comprado pelos chineses. Aliás, quantas butiques de luxo você viu envolvidas em sonegação de impostos e contrabando nos últimos meses mesmo?

sábado, 3 de julho de 2010

Fim da saga

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Volta ao normal

Brasil desclassificado e o país agora pode volta ao seu normal. Bom, nem tanto. Ano de eleições e a bizarrice vai recomeçar. Mas ainda tem uma semana pela frente de comentaristas, ex-jogadores, apresentadores, modelos e atores tentando explicar a derrota do Brasil.

Mas nesse jogo contra a Holanda quase que a campanha ‘Cala a boca Galvão’ deu certo pois era nítida a rouquidão do narrador. Também do jeito que berra. No primeiro gol do Brasil eu pensei que este homem ia ter um ataque do coração. Engraçado ele dizer no final que isso “é só um jogo de futebol”. Caramba, imagine se não fosse!
E o Neto na Bandeirantes? Passou 35 minutos do segundo tempo comentando sempre a mesma coisa: “coloca o Elano, Elano, Elano, Elano...”

Agora parece que os nossos saquinhos vão desinchar um pouco. Mas preparem-se! 2014 vem aí! Segurem suas carteiras, escondam suas economias porque políticos e empreiteiros já estão escalando seus times.