segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Existe vida sem a armadilha dos cartões de crédito

Sim, ela existe e é possível, como comentei anteriormente neste blog. Segue uma notícia relacionada ao tema publicada no 'O Tempo':
Associação orienta boicote ao cartão para diminuição dos juros abusivos

Para entrar no clube dos "sem-cartão"

Visite o caixa eletrônico ao menos uma vez por semana
Veja quanto dinheiro você precisa por semana, vá até o caixa eletrônico e retire exatamente essa quantia. Quando o dinheiro acabar, acabam também os gastos

Use só dinheiro vivo durante uma semana
A maioria das pessoas não tem idéia de quanto gasta por semana ou por mês porque elas pagam muitas de suas compras com cheque ou cartão de crédito. Se você tivesse de pagar tudo o que compra com dinheiro vivo, seria mais provável que pensasse duas vezes antes de deixar o dinheiro escorrer por entre os dedos

Negocie com a sua empresa de cartão de crédito
Muitas delas estão dispostas a lhe oferecer juros menores ou eliminar sua anuidade, basta você pedir. Use como argumento o tempo que é associado, ofertas da concorrência e ameaça de desistir do cartão

Saia dessa o mais rápido possível
Considere acelerar os pagamentos ou negociar com as empresas de cartão de crédito para fazer um refinanciamento da sua dívida


Minientrevista“Quando gasta com o cartão é tudo tão fácil...

Sylvia Flores Psicóloga
Professora da newton paiva


O ser humano sabe lidar com cartão de crédito?

A responsabilidade é de quem usa. As pessoas se endividam com o cartão em vez de pegar o dinheiro no banco. Ninguém quer fazer dívida, mas quando você vai ao banco e pega o dinheiro emprestado, você tem consciência da dívida. Quando gasta com o cartão é tudo tão virtual e fácil... Só passar na maquininha. Mágico.

Por que temos essa sensação de facilidade com o cartão?

É um pensamento infantil que temos pelo resto da vida. É esse pensamento que nos faz apaixonar. É o pensamento através de uma ilusão, em vez de lidar com a questão de uma maneira mais racional. Ela utiliza a lógica do imaginário. que tudo é possível.

Isso é uma doença?

Não, mas pode virar uma doença. O dinheiro é apenas um símbolo, o cartão também é simbólico. Mas se você acreditar que aquilo é uma extensão da sua renda, aí sim terá problemas.

Quando é considerado uma doença?

Quando a pessoa começa a se endividar, entra no rotativo e está pagando a parcela mínima do cartão.

Como encontrar o equilíbrio com o cartão de crédito?

Primeiro a pessoa precisa se conscientizar de por que ela está fugindo da realidade. Depois ela tem que aumentar a auto-estima e ter uma segurança maior de que não precisa ir além dos limites financeiros e físico dela para ser aceita pela sociedade.

Por que a pessoa acredita que vai conseguir pagar a fatura mesmo sem ter aquele dinheiro no outro mês?

Ela prefere acreditar que tem mais poder do que na verdade ela tem.

Por que as pessoas estão vivendo acima das possibilidades delas?

As pessoas sempre tentaram uma ascensão social e acabam fazendo dívidas, se perdendo neste jogo. Para não lidar com a realidade, a pessoa prefere utilizar o cartão, que a isenta de ter contato com essa realidade de que ela não possui aquele dinheiro. (HL)

Regra injusta

Lei seca não respeitou princípio da proporcionalidade
Kacio/Correio Braziliense

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Elas estão traindo mais

Era questão só de tempo: atualmente, com a entrada da mulher no mercado de trabalho, é cada vez mais comum esse comportamento, que antes era restrito e 'taxado' somente aos homens. Ora, todo humano é igual, seja em suas qualidades ou defeitos, independente do sexo, raça ou credo. É só dar uma oportunidade e ambiente para isso.
Veja a matéria de capa desta semana da Isto É:

Na geração até 25 anos, metade das mulheres assume que já foi infiel e o ambiente de trabalho é o local que mais favorece as escapadas

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Kacio/Correio Braziliense

Kleber/Correio Braziliense

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Excesso de sinceridade

E-mail ofensivo gera polêmica na TV Senado
Denise Madueño/O Estado de S.Paulo

A resposta de um funcionário da TV Senado a um aviso relativo a uma audiência pública na Câmara provocou indignação e mal-estar ontem no Congresso. Para informar sobre a presença do secretário de Emprego e Relações de Trabalho de São Paulo, Guilherme Afif, em um debate sobre o projeto que prevê a divulgação de impostos em notas fiscais, o assessor de imprensa da pasta, Vinícius Prado de Moraes, enviou um e-mail a diversos órgãos de imprensa e obteve a resposta: "Foda-se."

A mensagem partiu do funcionário da TV Senado João Carlos da Fontoura. "É esculhambação. É uma Casa que merece respeito", reagiu Afif, que relatou o caso ao líder do DEM, Agripino Maia (RN).

Fontoura afirmou que trabalha no núcleo de documentários e recebe uma enxurrada de e-mails. "Todo dia passo mais de meia hora apagando mensagens que não são para mim." Na quarta-feira, contou, precisava enviar uma mensagem urgente e perdeu a paciência. "Foi falha minha ter respondido nesses termos. Minha resposta foi infeliz. Peço desculpas."

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Jornalismo comerciário

Há tempos eu critico o jornalismo, se é que pode ser chamado assim, praticado pelos jornais de bairro. Mas agora, nestes últimos meses de temporada eleitoral, ficou evidente que é preciso prestar bem atenção nestes veículos que se dizem ‘comunitários’.

Alguns donos desses jornais foram candidatos a vereador este ano e, claro, com uma ferramenta dessas na mão, deitaram e rolaram em suas propagandas eleitorais. Sou da opinião de que um jornalista, principalmente o responsável por um veículo de comunicação, independentemente do porte, seja proibido de se candidatar. Mas não precisa de uma lei específica, basta ter o bom censo em sua profissão de não misturar política com jornalismo.

É evidente que um candidato desses leva uma certa vantagem na comunicação com seus eleitores. Ele tem o seu próprio veículo e não é preciso muito esforço para persuadir os eleitores regionais cativos da publicação.

Mas você me pergunta: ‘você está subestimando o poder de decisão dessas pessoas.’ Concordo, mas também há ‘leitores e leitores’. Não é difícil constatar que umas das poucas leituras, se não for a única, de grande parte da população, principalmente moradores de comunidades de classe mais baixa, são os jornais gratuitos, em especial os do seu próprio bairro.

Aqui no meu bairro o dono do jornal saiu candidato a vereador pelo PT. Não ganhou. Mas até antes da derrota de sua companheira Marta Suplicy para a prefeitura de São Paulo, seu veículo só tem dado destaque, claro, ao PT. Em sua última edição, capa com uma grande foto da candidata ao lado do presidente Lula, que visitou a região central, e uma menor do candidato rival, Gilberto Kassab. Dentro, duas matérias com foto da candidata sozinha e com o presidente, ao lado do editorial criticando a atual gestão. E mais uma página do presidente com o cantor Roberto Leal, no bairro da Liberdade.

Em outro jornal de bairro, foto em destaque do Kassab recebendo um cheque do governador Serra devido às obras do Metrô e nenhum destaque à candidata do PT. Em outro veículo, boas fotos também em destaque do ex-candidato Maluf, do mesmo partido da candidata à vereadora, dona também de jornal.

E pergunto: que isenção qualquer desses jornais terá ao cobrar seja o prefeito que for? No primeiro caso, como seria a crítica à gestão de Marta se ela fosse prefeita ano que vem?

Jornalistas imparciais não existem, eu sei disso. Mas que tal um esforço para praticar um jornalismo de responsabilidade e isenção?

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Tiago/Gazeta do Povo-PR

Sponholz/Jornal da Manhã-PR

Ronaldo/A Charge Online

Luscar/A Charge Online

Liberati/A Charge Online

Ivan/Diário de Natal

Humberto/Jornal do Commercio-PE

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

R.E.M. comemora vitória de Obama em show no Chile

Da Redação (Abril.com)
O grupo norte-americano R.E.M. comemorou a vitória de Barack Obama durante apresentação em Santiago, no Chile, na noite da última terça-feira (4).

Segundo o blog “Volume”, durante o show o vocalista Michael Stipe chamou ao palco o webmaster do grupo, Bertis, para anunciar a vitória de Obama. Durante toda a campanha do futuro presidente dos EUA, o R.E.M., assim como muitos artistas, mostrou seu apoio incondicional ao democrata.

Após o anúncio, que foi recebido com muita euforia pelos fãs chilenos, o grupo tocou a faixa “I Believe”, do álbum “Lifes Rich Pageant” (1986).

A turnê de divulgação do álbum “Accelerate” desembarca no Brasil na próxima quinta-feira (6), em Porto Alegre. Em seguida o grupo se apresentará no Rio de Janeiro, no dia 8, e em São Paulo, nos dias 10 e 11 de novembro.

Confira abaixo o momento do anúncio da vitória de Obama:

DIA HISTÓRICO

Nunca antes na história 'daquele' país!
Lá também a esperança venceu o medo. Agora é esperar e deixar o homem trabalhar!

Enquanto isso...
...Bush cumprimenta Obama pela vitória e se prepara para voltar ao seu rancho no Texas, de onde nunca deveria ter saído...

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

No fantástico mundo da parcela

Interessante matéria publicada na Folha de S.Paulo deste sábado (01.11) sobre o esperto mundo do comércio e a longa tradição de enganar o consumidor.
Não existe milagre e sim o lucro certo!


Lojas dizem vender a prazo sem juros, consumidores fingem acreditar e pagam taxa mesmo comprando à vista

Cyrus Afshar, da reportagem local

Ao comprar produtos mais caros, como eletroeletrônicos, móveis e roupas de grife, muitas vezes o consumidor é tentado por uma condição de pagamento que parece muito boa: o parcelamento "sem juros".

Essa forma representou, no primeiro semestre, 48,9% das compras no cartão, contra 37,8% no mesmo período de 2004, de acordo com pesquisa da Itaucard, administradora de cartões de crédito do banco Itaú. Informar o comprador de que há uma tarifa no parcelamento está fora de moda. Só que a estampa "sem juros" não combina com um país que tem uma das taxas de juros reais mais altas do mundo.
As peças se encaixam quando se sabe que, no preço à vista, há juros embutidos. O problema é que isso viola de uma só vez três artigos do CDC (Código de Defesa do Consumidor).

Primeiro, porque esconder juros no preço final caracteriza propaganda enganosa, o que é vetado pelo artigo 37 do CDC. "É uma oferta enganosa. Não existe maneira de a loja vender a prazo sem juros. É uma prática abusiva e deveria ser corrigida", afirma Arthur Rollo, 33, advogado especialista em direito do consumidor. "Vender sem juros não é possível. A nossa explicação é que há juros embutidos", diz Marcos Diegues, advogado do Idec (Instituto de Defesa do Consumidor).

Direito de saber
O artigo 52 do Código diz que, no fornecimento de produtos ou serviços que envolva concessão de financiamento, o consumidor tem direito de saber qual o montante de juros e qual a soma total a pagar com e sem financiamento. Para Rafael Paschoarelli, professor de finanças do Ibmec-SP (Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais), ao omitir que existe financiamento, a loja faz ainda uma "venda casada", o que também é proibido pelo artigo 39 do Código. Essa infração acontece quando o consumidor que quer comprar uma mercadoria se vê obrigado a pagar também por outra.

Ao pagar o preço à vista sem desconto, com juros embutidos, o consumidor não tem opção: leva sem querer e sem precisar um serviço (crédito) com o bem que ele de fato deseja. A pessoa nem sequer vê o que está levando. E, quando vê, para não sair perdendo, é obrigada a parcelar e, assim, pelo menos usufruir do serviço pelo qual ela vai ter que pagar de qualquer maneira.

Se essa prática fosse interpretada por um juiz como "venda casada", as implicações seriam mais graves. "O raciocínio é correto, mas eu não iria por esse lado da venda casada, porque é mais difícil de provar. Pela lei, a loja não pode oferecer crédito, então ela poderia dar outro jeito de explicar. Pelo argumento da oferta enganosa, não tem saída", explica o advogado Arthur Rollo. O modo de embutir juros no preço à vista varia de loja para loja. A prática mais comum é uma compra triangular consumidor-loja-financeira.

Escape dos juros invisíveis

Sobra pouco poder de barganha diante da onipresente venda parcelada a 'custo zero'; veja o que dá para fazer

Em meio ao tiroteio cada vez mais disseminado de facilidades na compra a prazo, o consumidor tem poucas saídas. A melhor delas é boicotar as lojas que o enganam ou insistir para obter do lojista o preço mais próximo do valor real à vista. "O fundamental é pesquisar, recortar anúncios, levar as ofertas para os concorrentes e pedir reduções, fazendo um leilão reverso. E ainda pedir preço com desconto à vista", diz Carlos Alberto Ercolin, diretor de economia da Anefac.

Mas, como cada vez mais pessoas exigem a opção de pagar no maior número de prestações possível sem juros, são raras as lojas que parcelam e mostram os juros cobrados. Uma delas é a loja virtual da Fast Shop, que encontrou uma forma de atrair o consumidor que gosta de parcelar, sem enganá-lo. Em seu site, é anunciada uma TV em "10 vezes iguais no cartão" e, embaixo, aparece o preço à vista, 10% mais barato. Na mesma página, a tabela de formas de pagamento mostra que "na compra deste produto no cartão de crédito em parcelas com juros, é cobrada uma taxa de 1,99% ao mês". Nos anúncios impressos da Fast Shop, porém, segue a prática de dizer que a venda é dividida em dez vezes "sem juros".

Outras redes dizem vender "sem juros", mas pelo menos dão desconto à vista. No Ponto Frio, a mesma TV sai com desconto de 10% à vista e o anúncio é claro. Outras lojas dão desconto, mas só se o consumidor pedir. No Magazine Luiza e no Extra, a redução é de 5% e, na Americanas, 2%. No Carrefour e na Casas Bahia, oficialmente não tem desconto à vista pré-estabelecido, mas dá para negociar reduções (no preço à vista).
Sem essa referência do preço à vista, o poder de barganha de quem compra é menor. No Submarino, no site da Fnac e no Wal-Mart não há desconto. Se o consumidor for comprar nessas lojas, o melhor é fugir do preço à vista, mesmo se houver um pequeno desconto, e pagar pela mercadoria no máximo de parcelas oferecidas, sabendo que está pagando juros.

"Para a loja, o melhor cliente é o que paga à vista e sai contente com um pequeno desconto ou sem desconto nenhum. Primeiro, porque ela lucra com os juros embutidos e, depois, porque consegue financiar seu capital de giro -isto é, suas despesas normais- com dinheiro à vista", diz Ercolin.

De acordo com o Procon, não há nada que o consumidor possa fazer. É difícil provar que há tarifa embutida no preço, justamente porque não dá para saber o que é juro e o que é margem de lucro. "Por liberalidade, ele pode dizer que não está cobrando juros. Não existe ação julgada no Brasil que tenha feito o lojista explicar como ele consegue vender sem juros", diz Renata Reis, técnica de proteção e defesa do consumidor do Procon-SP.

O advogado Arthur Rollo discorda. Para ele, de fato, ações individuais têm poucas chances de sucesso, mas uma ação coletiva, movida em conjunto pelo Ministério Público e pelo Procon tem chances de ser acatada por um juiz. "O argumento econômico é suficiente para o argumento de oferta enganosa ser aceito. Nesse caso, inverte-se o ônus da prova e o lojista vai ter que se virar para explicar em juízo como ele consegue não pagar juros. Se não conseguir, vai ter que suspender a prática", afirma Rollo. Mas, para isso acontecer, os consumidores devem reclamar junto a esses órgãos.
Já na opinião de Rafael Paschoarelli, professor de finanças do Ibmec-SP, quem deveria coibir as cobranças de juros embutidos é o Banco Central, que executa as diretrizes do CMN (Conselho Monetário Nacional). De acordo com a lei 4.595/64, é o Conselho que deve "disciplinar o crédito em todas as suas modalidades e as operações creditícias em todas as suas formas".

A arte de comprar


Evite as lojas que dizem vender a prazo "sem juros" sem dar desconto à vista

Procure as lojas que divulgam o preço à vista diferente do preço a prazo e permitem que o consumidor veja o valor real da mercadoria

Se a loja dá desconto à vista, negocie, leve recortes de ofertas dos concorrentes, peça a maior redução possível.

Só compre se o desconto for maior que 10%

Se a loja dá um desconto muito pequeno (ou nenhum), não compre à vista.

Se não der para comprar em outra loja, aproveite o parcelamento para usufruir do crédito pelo qual você está pagando de qualquer jeito

Reclame aos órgãos de defesa do consumidor contra as lojas que fazem ofertas abusivas: uma ação coletiva tem mais chance de êxito que ações individuais

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GLOSSÁRIO

Capital de giro é o capital da própria empresa ou de terceiros necessário para bancar as despesas normais do negócio (fornecedores, salários de empregados, impostos etc.) e para fazê-lo funcionar

Juros é a remuneração (ou custo) que se paga ao capital emprestado por um tempo

"Spread" é a diferença entre os juros pagos pelos bancos a seu correntista e os juros cobrados pelos bancos sobre os empréstimos concedidos

Juros reais são os juros básicos descontada a inflação. Se a taxa básica for de 13,75% ao ano e a inflação anual for de 6,5%, os juros reais serão de 6,81% ao ano

Venda casada acontece quando, na venda de um produto ou serviço, o consumidor é obrigado a comprar outra mercadoria junto. Por exemplo, se, para comprar um computador, o consumidor é obrigado a levar também uma impressora

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Como funciona o mundo de faz-de-conta

Imagine que você comprou um computador em dez parcelas, por R$ 2.000. A loja recebe da financeira, à vista, R$ 1.700. Esse seria o preço real à vista, já com a margem de lucro. A instituição de crédito recebe, a prazo, os R$ 2.000 que você deve pagar e lucra R$ 300 ao final de dez meses. E você levou, com o crédito, um bem de R$ 1.700, e não de R$ 2.000, como supôs.
"Em vez de oferecer o desconto a quem paga à vista, a loja prefere contratar uma financiadora, que, em alguns casos, pertence à própria loja. Tira-se dinheiro de um bolso para pôr no outro", diz Rafael Paschoarelli, professor de finanças do Ibmec-SP. Ele critica a confusão entre as atividades da economia real e as financeiras. "Tem empresa que deveria fazer frango empanado e está especulando com o câmbio. Tem loja que deveria vender móvel, mas vende crédito."
"A gente vive no mundo do faz-de-conta. Como é possível vender sem juros ou com juros abaixo das taxas de mercado? Ou a loja rasga dinheiro ou eles estão embutidos", diz Paschoarelli, segundo quem é "desleal" dizer que o juro é zero.
O parcelamento sem juros é um chamariz. "A pessoa sai de casa para gastar R$ 500 num jogo de sala e acaba gastando R$ 1.000 em suaves prestações", diz Carlos Alberto Ercolin, 48, diretor-executivo de economia da Anefac.
Mas não existe almoço grátis. Alguém sempre paga -ou deixa de pagar: a inadimplência, entre janeiro e setembro, cresceu 7,6%, segundo dados da Serasa.

Transparência
O caso de juros embutidos fica mais claro quando se compara como as compras são feitas em lojas estrangeiras e em suas filiais daqui. Por exemplo, no site de uma cadeia varejista na França, ao colocar um produto no "carrinho" e ir para o "caixa", a opção de parcelar não é oferecida de cara. Para isso, você deve se tornar "sócio" da loja e pagar uma anuidade que dá direito a vários benefícios. E se o "sócio" decide parcelar, ele arca com a "Taxa Efetiva Global" (TEG). O site simula o crediário e mostra quanto o consumidor pagaria a mais.
"É isso que deveria acontecer aqui. E nem precisaria de legislação nova", diz o advogado especialista em direito do consumidor Arthur Rollo. Já no site da filial brasileira, o consumidor pode pagar uma TV em até 12 vezes "sem juros".
"Enquanto houver consumidores que aceitam pagar juros embutidos, isso vai continuar", afirma Ercolin. (CA)

O que dizem representantes do comércio

Sobre a prática comercial de oferecer parcelamento sem juros, o economista Marcel Solimeo, da Associação Comercial de São Paulo, afirma: "Em qualquer modalidade que você postergar o pagamento, há um custo. Em parte, os custos podem estar embutidos, e, em parte, estão no prazo de pagamento que os lojistas obtêm com fornecedores, e que é repassado ao consumidor". Solimeo não vê problema legal em anunciar juro zero: "Não há lei que proíba. O que importa é que haja opção. É uma forma de apresentação. É uma questão de concorrência. É uma forma que as lojas pensam poder atrair o consumidor", afirma.
A FIC, financeira ligada ao grupo Pão de Açúcar (Extra), afirma que nas vendas parceladas não há uma operação de crédito e que o negócio é apenas entre a financeira e a loja. "O consumidor paga em 12 vezes para a gente, e nós repassamos o valor integralmente para a loja", diz Luis Fernando Staube, presidente da FIC. Ele afirma que a financeira ganha uma pequena comissão de "interchange", mas que a operação não é interessante para sua empresa, que ganharia mais financiando com juros. "Mas é como o mercado atua", diz. Segundo ele, é possível vender produtos sem juros a prazo. "Na verdade, houve compressão da margem de lucro. É o varejo que arca com o custo", diz Satube.
Mas, com a crise atual, diz ele, o custo do crédito deve aumentar, e as ofertas desse tipo devem ficar mais raras.
De acordo com a multinacional norte-americana Wal-Mart, o parcelamento sem juros é ditado pelo mercado. "É a forma que o negócio é feito no Brasil. É cultural", diz Carlos Fernandes, vice-presidente da divisão de especialidades da rede varejista.
O representante do Wal-Mart, que não dá desconto à vista, critica as lojas que adotam essa prática. "É uma questão de coerência. Se você diz que é sem juros, não pode dar desconto à vista", diz.
Já a Fnac afirma que há custo de parcelamento, mas que isso não é repassado. "Nosso principal feito é a negociação com fornecedores. O custo é dividido entre a gente e os fabricantes", diz Benjamin Dubost, diretor comercial da Fnac Brasil. Ele afirma, ainda, que é pequena a proporção de produtos vendidos a prazo.
Procuradas pela reportagem da Folha, as lojas Magazine Luiza, Fast Shop, Submarino, Americanas.com, Carrefour, Ponto Frio.com e Casas Bahia não se pronunciaram sobre o assunto. (CA)

Ausência

Devido a acontecimentos não programados, fiquei alguns dias sem postar conteúdo. Mas agora está tudo normalizado (eu acho!). Você já percebeu que as coisas acontecem tudo de uma vez? É incrível. Você pode passar um ano inteiro em um tremendo marasmo e, de repente, tudo o que poderia acontecer neste período ocorre em duas semanas.
A vida é uma caixa de bombons mesmo, como dizia Forrest Gump, mas as emoções até que deveriam vir em suaves parcelas...