Há tempos eu critico o jornalismo, se é que pode ser chamado assim, praticado pelos jornais de bairro. Mas agora, nestes últimos meses de temporada eleitoral, ficou evidente que é preciso prestar bem atenção nestes veículos que se dizem ‘comunitários’.
Alguns donos desses jornais foram candidatos a vereador este ano e, claro, com uma ferramenta dessas na mão, deitaram e rolaram em suas propagandas eleitorais. Sou da opinião de que um jornalista, principalmente o responsável por um veículo de comunicação, independentemente do porte, seja proibido de se candidatar. Mas não precisa de uma lei específica, basta ter o bom censo em sua profissão de não misturar política com jornalismo.
É evidente que um candidato desses leva uma certa vantagem na comunicação com seus eleitores. Ele tem o seu próprio veículo e não é preciso muito esforço para persuadir os eleitores regionais cativos da publicação.
Mas você me pergunta: ‘você está subestimando o poder de decisão dessas pessoas.’ Concordo, mas também há ‘leitores e leitores’. Não é difícil constatar que umas das poucas leituras, se não for a única, de grande parte da população, principalmente moradores de comunidades de classe mais baixa, são os jornais gratuitos, em especial os do seu próprio bairro.
Aqui no meu bairro o dono do jornal saiu candidato a vereador pelo PT. Não ganhou. Mas até antes da derrota de sua companheira Marta Suplicy para a prefeitura de São Paulo, seu veículo só tem dado destaque, claro, ao PT. Em sua última edição, capa com uma grande foto da candidata ao lado do presidente Lula, que visitou a região central, e uma menor do candidato rival, Gilberto Kassab. Dentro, duas matérias com foto da candidata sozinha e com o presidente, ao lado do editorial criticando a atual gestão. E mais uma página do presidente com o cantor Roberto Leal, no bairro da Liberdade.
Em outro jornal de bairro, foto em destaque do Kassab recebendo um cheque do governador Serra devido às obras do Metrô e nenhum destaque à candidata do PT. Em outro veículo, boas fotos também em destaque do ex-candidato Maluf, do mesmo partido da candidata à vereadora, dona também de jornal.
E pergunto: que isenção qualquer desses jornais terá ao cobrar seja o prefeito que for? No primeiro caso, como seria a crítica à gestão de Marta se ela fosse prefeita ano que vem?
Jornalistas imparciais não existem, eu sei disso. Mas que tal um esforço para praticar um jornalismo de responsabilidade e isenção?
quinta-feira, 13 de novembro de 2008
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