sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Jogos patrióticos

(Foto:Charles Dharapak/AP)

Nos próximos seis anos o Brasil viverá um momento inédito em sua história. Ele será palco das duas principais festas mundiais do esporte. Os olhos do mundo estarão voltados para o país, que poderá ser daqui a alguns anos, segundo projeções do ministro da Fazenda, a quinta economia do mundo. Do jeito que as coisas andam é possível.

Bom para o país e para sua população, que vem conseguindo a cada ano um maior acesso ao mercado através do aumento de renda e ao crédito. Claro, há muito a ser feito ainda. Desde o final da ditadura a economia nacional sofreu muita instabilidade com planos econômicos desastrosos que jogaram fora duas décadas de crescimento.

Diante desse cenário é difícil algumas pessoas segurarem aquela emoção patriótica de orgulho e contentamento após o anúncio hoje do Rio de Janeiro como sede das Olimpíadas de 2016. Sorte de quem vai comandar as infraestruturas dos eventos, pois esse sentimento vai servir para disfarçar, com a ajuda de grande parte da imprensa, o que de errado pode vir a acontecer.

Mas já esta pessimista? Ora, veja o que aconteceu com o PanAmericano de 2007 no Rio. Várias promessas de melhorias no transporte, na despoluição de lagoas, as falhas no sistema de venda de ingresso e as obras superfaturadas (o orçamento estou em cinco vezes). Até hoje não foram explicadas.

Quem conhece um pouco do ambiente político, público e empresarial sabe que aqui qualquer novidade é oportunidade para se tirar proveito. Portanto, segurem suas carteiras! O Brasil só irá provar que é um país sério a partir do momento em que as pessoas que comandarem os eventos sejam honestas e comprometidas, não só com o dinheiro público, mas com seus atos. Mas vai ser difícil. Serão as mesmas do PanAmaericano.

Não se iluda. Vai ser uma festa para os políticos, empreiteiras, bancos, agências de publicidade, bebidas e emissoras de TV, cujo teto de inserção publicitária vai estourar. O entusiasmo, principalmente da Globo e Record, não é à toa.

O que sobrar, se sobrar, vai para a população.

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