segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Será que é isso o que eu necessito?

O estudo sobre o comportamento de consumidores diante dos meios de pagamento à vista e com cartão de crédito veio bem a calhar devido a uma discussão (amigável) que travei com um amigo sobre o papel do cartão de crédito em um mercado consumista como o nosso. A conversa iniciou-se quando comentei uma pergunta que sempre ouvimos quando vamos realizar um pagamento em cartão: “É débito ou crédito, senhor?”.

Ora, no meu simples raciocínio, é débito de qualquer jeito, afinal você não terá que pagar esse ‘crédito’ mais adiante? É uma dívida que você faz quando consome, então não existe crédito, mas sim, de modo simples, um lançamento de ‘débito futuro’. Você posterga o pote de margarina que você acabou de adquirir, por exemplo.

Eu não tenho cartão de crédito justamente porque, ainda bem, nunca precisei de uma compra de última hora, aquela básica que você não pode adiar e não ter o dinheiro na hora. Aí eu concordo que o benefício do ‘cartão de crédito’ é grande. Mas um dia vou precisar de um, ao adquirir um imóvel, por exemplo, onde alguns utensílios e móveis seriam imprescindíveis e o cartão irá me beneficiar.

Mas o que eu discuto é a importância desse meio de pagamento para pessoas que não necessitam. Conheço gente que se endividou a perder de vista por causa dessa mania de adiar pagamentos.

A questão é: será que essas pessoas teriam um aparelho caríssimo de celular sem esta facilidade de pagamento? E para que uma pessoa que não trabalha com isso quer Internet, e-mail, Messenger, GPS entre outras tecnologias em um aparelho? Status? É mais provável. Tem gente que não consegue manipular nem 30% do que o aparelho proporciona de tecnologia.

Mas tudo isso são táticas de mercado que lidam com o psicológico do consumidor. Um dinheiro de plástico como o cartão não causa o mesmo efeito do que dinheiro vivo. E uma tecnologia ultrapassada deixa o usuário, o afoito por ter o último modelo, ansioso e carente, pronto para sacar seu cartão para comprar novamente na primeira oportunidade.

Mas cada um é cada um. Concordo plenamente com esta ‘democratização do consumo’, mas é preciso ter cuidado. Tem gente que deixa de arcar com suas obrigações para desfilar de carro importado. Como tudo na vida é questão de bom senso.

Ao comprar um produto nessas condições pergunte-se antes: será que é isso o que eu necessito? (sim, é título de uma música do Titãs...rs). Eu quero comprar algumas coisas, mas vou esperar ter dinheiro para adquiri-las, afinal não é nada urgente.

Em resumo: cartão de crédito para quem não precisa é um incentivo ao consumismo. Não acho que isso é ser pão-duro, mas no máximo um consumidor controlado.

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